
Meu coração muda de ritmo conforme a distância entre nós. Na madrugada a ansiedade me toma, meu coração bate cada vez mais forte, e eu não consigo dormir. Estou escutando a música que você toca. E como você toca bem. O dia amanhece. Meu celular toca para variar a sua musica. A introdução me deixa tonta pela manhã. Mas eu gosto disso. Eu corro contra o tempo. Corro contra mim mesma. Saio de casa vestindo o tênis, não terminei de me maquiar. Ainda é cedo, não vou pensar nisso. Pela janela do carro as coisas passam numa fração de segundos, mas o tempo parece passar cada vez mais devagar. No rádio sua musica ainda está tocando. No meu fone outra musica é presente, uma com a sua voz. Pouco a pouco as coisas começam a perder a velocidade. O carro para. Tem quatro mil pessoas tentando nos separar. Eu não consigo sentar. Há lugar na calçada ainda. Mas eu não quero. Uma hora. Cinco horas. Oito horas. Tem algo em meu braço que permite que eu tenha a certeza de que novamente vou sentir sua respiração. E desta vez que seja mais perto. Por favor. Você está tocando para mim. E para quatro mil pessoas. Não quero sentar. Meus olhos enchem de lágrimas. Por favor, chegue mais perto desta vez. Acabou. Não para mim. Não para as outras pessoas que estão comigo. Agora sim eu quero sentar, não sinto minhas pernas, não sinto dor, o que eu sinto é meu coração batendo cada vez mais rápido. Descompassado. Quase furo meus olhos com um lápis. Por favor, chegue mais perto desta vez. Já consigo te ver de perto. Eu te olho. Você abre os braços sorrindo. Eu retribuo com um sorriso envergonhado. Você está mais perto do que a ultima vez. Você me puxa, me abraça, me aperta. Brinca comigo. Quem será a criança neste momento? Eu, ou você? Você continua abraçado comigo, mas está pulando. Não minto quando digo que vejo a magia de uma criança no teu olhar. Meu coração começa a perder as batidas. Você me enche de beijos, e me solta. Faz uma posse pra foto que eu sempre me pergunto: _Seus pés são elásticos? Eu rio discretamente, mas entro na sua brincadeira. Nós quase caímos. Você ri e me olha. Não consigo sorrir.
Estou contando novamente as horas. Não consegui dormir. Grande novidade. Meu coração bate cada vez mais rápido. Batidas descompassadas.
Você sorri ao me ver. Pergunta quanto tempo vai demorar pra me ver novamente. Eu respondo que não vamos nos ver por muito tempo. Você me abraça. Algumas pessoas nos olham e não entendem essa intimidade. Parecemos grandes amigos. Com liberdade suficiente para brincar. Você me morde. Faz careta para a foto. Me olha novamente e sorri. Não consigo me conter: _Já disse o quanto teu sorriso parece com o de uma criança? Você ri. E me abraça mais uma vez. Nós nos afastamos. Eu vou embora. Mas meus olhos ainda o acompanham com precisão. Algumas vezes nossos olhares se cruzam. E você sempre sorri. Já disse o quanto gosto do seu sorriso? Já. Você chega perto novamente. Me abraça. Mesmo tendo algo entre nós como a primeira vez em que sorrimos um para o outro. Você está tão lindo hoje. Não sei como enxergou algo na minha mão, puxou e disse com convicção: _É meu né? Obrigada. E continuou sorrindo enquanto se afastava. Pare de ser assim, eu repetia constantemente.
Você chegou perto mais uma vez. Encostou teu rosto no meu esperando ouvir algo. Eu sorria enquanto algumas pessoas tentavam entender o que acontecia conosco naquele dia, acabei dizendo sem querer: _Meu coração está parando. Preciso de alguém para marcar o ritmo novamente.
Você sorriu, me abraçou. Piscou para mim. Acho que você entendeu errado.
Começaram a cantar sua musica. Você me olhava e batia nas pernas como se elas fossem sua bateria agora. Chegou perto novamente: _Você viu? Marquei o ritmo para você. Eu ri e te olhei: _Obrigada Thomas, está batendo novamente.
Isso é sobre as batidas do meu coração, e as batidas da sua bateria. Parecem iguais.
Nenhum comentário:
Postar um comentário